quarta-feira, 22 de abril de 2009

A crise não chegou ao altar!

As crises financeiras vêm e vão, mas os casamentos continuam sendo um mercado seguro - na contramão da maioria dos segmentos de varejo. E maio é, tradicionalmente, o mês das noivas. Ao mesmo tempo em que é mais difícil, para os casais, encontrar horários vagos nas igrejas e bons preços de festas, é a melhor época para os varejistas que trabalham nesse segmento, cuja atividade também têm crescido no resto do ano. De acordo com o consultor Francisco Barone, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse é um segmento bastante atrativo, e, justamente por isso, repleto de concorrentes dos mais variados portes e focados em nichos específicos. "Por ser uma característica cultural, o casamento faz parte de um rito de passagem, onde as pessoas preparam-se com antecedência. Por isso, as vendas estão asseguradas. A questão é localizar, dentro do segmento, um nicho e/ou região geográfica pouco explorado", afirma Barone. Em maio, diz ele, há um aumento significativo no número de casamentos e, consequentemente, do movimento das lojas especializadas. "Neste segmento, maio é o melhor mês em termos de lucratividade. Para os lojistas aproveitarem bem esse mês, o primeiro passo é se conscientizar que todos dentro do segmento estarão de olho no aumento de demanda nesse período, logo a concorrência será maior. Sugiro duas estratégias: divulgação focalizada; preços promocionais", explica o consultor.
DICAS - Fazer uma boa pesquisa de mercado, para verificar quem são e onde estão seus concorrentes e buscar fornecedores com qualidade e preço baixo são as principais dicas para se sobressair diante dos concorrentes, avalia o consultor. "Como o setor é bastante competitivo, um diferencial baseado no preço e na qualidade do produto pode atrair uma grande quantidade de clientes". Instalada em São Paulo, na Rua São Caetano, na Luz, conhecida como "a rua das noivas", a Fashion Noivas é uma das principais lojas especializadas em casamentos do País. Para a dona do empreendimento, Tina Lima, a crise passou longe do segmento porque as roupas "agregam o valor dos sentimentos". "Vendemos sonhos. Sentimos grande interesse das pessoas se unirem, vem crescendo a cada ano. Temos até casais que se casam pela segunda vez com a mesma pessoa", afirma. A expectativa no 1º semestre é crescimento de 10% em relação ao ano passado. O otimismo tem base nos resultados do começo do ano, especialmente de março e abril, cujo faturamento foi 5% maior que em igual período de 2008. A Fashion Noivas realizará, de 27 a 29 deste mês, uma exposição no Rio de Janeiro com cerca de 500 vestidos, além de serviços para a festa de casamento, como álbum de fotografia, vídeo, buffet e acessórios. O evento será no Espaço Horto, no Jardim Botânico, de 9h às 19h. A entrada é gratuita. Há quem conteste a supremacia de maio como mês das noivas. Para Eduardo Guinle, dono da loja que leva seu nome no shopping Fashion Mall, em São Conrado, maio já deixou há muito tempo de ser o mês em que acontecem mais casamentos. "Hoje em dia, os noivos, ao procurarem igreja e local para a recepção, raramente conseguem agendar a data da sua preferência. A não ser com muita antecedência, de um ano ou mais. Por isso, acabam agendando em datas disponíveis, nas igrejas e casas de festas, ao longo de todo o ano. Com exceção da última quinzena de dezembro, a primeira quinzena de janeiro e no carnaval", ressalta. Guinle explica que dezembro é o mês escolhido para quem, por exemplo, quer emendar as festas de fim de ano com a lua de mel, e ainda conta com o recebimento do 13º salário. Já janeiro e fevereiro são os meses preferidos pelos noivos que tem famílias em outra cidade. Eles escolhem esses meses - normalmente, de férias - porque é mais fácil para os parentes virem de outros estados. O empresário projeta um aumento de 5% nas vendas direcionadas a cerimônias, em relação a igual período do ano passado. O destaque são os trajes de cerimênia. "Acredito que esse crescimento de vendas seja reflexo da estratégia de marketing que adotei em minha loja para trajes de festas. Desde que se começou a falar em crise no mercado, não senti retração nas vendas. Tenho casamentos agendados até outubro de 2010", afirma.
EXPECTATIVA - Dona da Casanova, loja especializada em presentes para casamento com atendimento exclusivo para noivas, Daniela Martinazzo, concorda com Guinle. "Hoje em dia, temos tantos casamentos que as datas acabam ficando diluídas ao longo do ano. Maio já não é mais o mês de preferência das noivas e concorre atualmente com o mês de setembro como preferido. Os únicos meses mais fracos de datas são janeiro e fevereiro, mas a partir de março o calendário de casamento começa a todo vapor. Não temos uma preparação especial para o mês de maio, mas sim para todos os meses do ano", conta. A Casanova, que fica em Ipanema, completa dois anos de vida em 2009, mas o crescimento das listas de casamento já deixa a proprietária empolgada. "Mesmo sendo uma marca nova, já somos preferência na escolha de muitas noivas. Este ano esperamos crescer 100% em vendas de listas com relação ao ano passado. Somos novatos no mercado, mas a qualidade no atendimento, a funcionalidade de nosso site e o mix de produtos da loja já estão sendo identificados como diferenciais", diz. Para ela, assim como Guinle, o casamento ainda está na moda, e teve crescimento nos últimos três anos. A crise, no entanto, não passou despercebida. "Para mim, foi inegável o impacto da crise nos números de vendas. Em se tratando de presentes de casamento, o ticket médio decresceu em torno de 25%. Por outro lado, não senti impacto ainda em quantidade de listas. Ou seja, com crise ou sem crise, as pessoas ainda continuam casando", resume.

fonte: Jornal do Commercio - 22 de abril de 2009

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